domingo, 8 de abril de 2012

Radical, eu?

A idéia deste blog, além de contar notícias do meu filho (que aliás, está muito bem!), também é esclarecer algumas coisas a respeito da maternidade. Vou usar este espaço para isso e acrescentar algumas opiniões particulares, que têm me incomodado ultimamante. O objetivo não é provocar ou ofender ninguém, mas servirá mais como um desabafo pessoal (eu tenho um problema gravíssimo de nâo conseguir guardar as coisas... enquando não "vomito" tudo, não fico tranquila).

Adivinhem o assunto? Parto Normal X Parto Cesariana.

Sou adepta do parto normal, humanizado, sendo a mulher agente neste processo. Isto não quer dizer que desconsidero mulheres que não tiveram a oportunidade do mesmo - o legal da nossa sociedade é termos a liberdade de escolha (apesar de nem sempre esta "liberdade" ser legítima, mas isto é assunto pra algum outro dia), e este fato não faz delas menos mulheres ou menos mãe.

Sou radical? Sou!

Sou radical porque vou à raiz do que acredito. Acredito de fato que o parto normal é melhor, tanto para a mãe quanto ao bebê, dado os inúmeros benefícios que apresenta. E acredito ainda que este deve acontecer num ambiente acolhedor, com pessoas de confiança da mãe, e que esta assuma um papel de protagonista e não de espectadora neste momento, tendo suas escolhas respeitadas.

Sou radical no que diz respeito ao aleitamento materno. Sou radical quanto a algumas condutas durante a educação dos filhos. Sou radical em inúmeros aspectos da minha vida, e falo isto com tranquilidade porque não entendo que ser radical é ser ruim. Ruim é ser sectário, é não estar aberto a novas opiniões, a novos conceitos, é viver em seu próprio mundo e não aceitar que pessoas pensam diferentes umas das outras, e que é essa toda a graça do mundo.

Sou cristã/católica, compartilho das idéias socialistas, sou behaviorista (abordagem da Psicologia, minha profissão), acredito na redução de danos, entre muitas outras coisas que me definem. E assim, defendo minhas crenças e tenho comportamentos congruentes com elas. Isso não quer dizer que não aceito o outro: uma de minhas melhores amigas é espírita, meu marido é evangélico, e muitos de meus amigos são ateus ou atoas (hehe); entendo a importância que o capitalismo teve para o desenvolvimento tecnológico do mundo; aceito as outras abordagens da Psicologia e sei da importância e relevância de cada uma; aceito o fato de que a abstinência seria o melhor caminho para o tratamento da dependência química... Aceito, entendo, compreendo, porque acredito que a minha opinião é só mais uma dentre milhares, e que deve ser respeitada assim como respeito a dos outros. E é estando aberto a novas experiências, novas visões, que crescemos.

Talvez fique um pouco confuso do porquê de tudo isto: explico.
É bastante incômodo pessoas não entenderem suas reais razões para disseminar algum conceito, e terem comportamentos reativos diante disto. Como disse, cada um tem direito a ter uma opinião, assim como cada um deveria ter o dever de pelo menos entender um pouquinho do que o outro está querendo dizer.

Acredito no parto normal, humanizado, e isto não quer dizer que uma mulher é melhor que a outra que teve um parto cesariana. Eu luto para que TODAS as mulheres tenham o direito de escolher conscientemente o tipo de parto que querem. Que tenham acesso a real informação, dos prós e dos contras de cada procedimento, e que tenham o PODER de decidir sobre o que será feito com seu corpo e com seu filho, não ficando a mercê de um médico e uma sociedade cesarista, que prefere o cômodo (pô, sair de casa no meio da madrugada?!) em detrimento do mais indicado.

Acredito que partos cesarianas possam ser humanizados, desde que sejam NECESSÁRIOS, respeitosos, e que dentro do possível coloquem a mulher como atuante no momento.

Ninguém é melhor que ninguém pelas escolhas que toma. Mulher nenhuma é melhor que outra pelo tipo de parto que tem. O que define as pessoas não é raça, credo, preferências políticas ou orientação sexual. O que define as pessoas é o caráter. E é assim que eu escolho os meus amigos.